Por | Maco Leite

Talvez muitos aqui não saibam, mas eu já enfrentei uma pandemia de silenciosos e insuportáveis gritos de socorro. Em 2005, e com 42 anos, drogado e bêbado resolvi procurar ajuda e conheci muitos, mas muitos dependentes da uma pandemia que estava começando a assolar o Brasil, a pandemia do Crack, para quem não conhece (inclusive eu não conheço) essa doença desdrói famílias inteiras em tempo recorde.

Passei um ano em uma comunidade terapêutica “me ajudando” a sair do alcoolismo e do vício em cocaína, mas ganhei uma missão cuidar de meus “iguais” e o faço até hoje em silêncio, ou qualquer alarde, pois essa pandemia grita em um silêncio ensurdecedor.

Desde 2005, passei a conviver com essa pandemia silenciosa, estive pelo Brasil afora conhecendo a doença do Crack, fui a diversas comunidades, me misturei na Cracolândia em São Paulo, busquei muitos dependentes em bocas (inclusive mortos).

No silêncio gritante salvei minha vida e ganhei uma missão, salvar o quanto eu puder dessa pandemia que quase ninguém fala. Eu hoje estou de PandeNiver, já são 16 aniversários que ganhei de “nhapa”, pois se não tivesse parado aos 42 anos, teria morrido de inanição e de fome, pois a bebida era meu objetivo e eu ia morrer de fome com dinheiro no bolso. É, parece triste, mas é a mais pura das verdades.

Eu continuo meu trabalho silencioso, e a cada aniversário faço essa reflexão, se eu posso, todos conseguem, pois não sou melhor e nem pior que ninguém. Só quero comemorar meu aniversário, sóbrio, feliz e realizando o bem, sem ver a quem.

Aos meus amigos, minha esposa, minha família, a Manu e principalmente a Deus só tenho que agradecer mais um aniversário e a lembrança de todos, sou feliz gente!

E clamo por vidas, só por mais 24 horas!

Obrigado a todos!

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