QUERO ENTREVISTAR GOVERNISTAS
Por Rodrigo Schmitt
Eu não sou anjo, até porque advogado anjo leva cliente para a casa e eu não faço isso.
No aspecto jurídico, não faço julgamentos morais.
Não é crime algum que um Vereador tenha parentes próximos recebendo o auxílio de seiscentos Reais.
Não é crime ser contra reduzir o próprio salário em trinta por cento.
Não é crime ser contra ajudar a população a ficar em casa e receber uma espécie de coronavoucher de duzentos Reais.
Talvez não seja crime a retaliação aos colegas que fizeram uma proposta de ajudar o povo.
Mas o político deve se submeter ao julgamento moral.
Qual a moral de um Vereador que toma para si as condutas acima?
Como tem a pachorra de pedir votos aos mais humildes, dizendo que se preocupa com o povo, quando vota contra o auxílio financeiro aos impactados pela COVID, mas que busca, através de seus familiares, apoio do governo federal, mesmo recebendo uma remuneração de aproximadamente 14 mil mensais?
Tem Vereador que, por exemplo, na gestão passada, apoiou o Prefeito até quase o final do seu mandato e hoje, se diz seu mais ferrenho crítico.
Por qual razão critica tanto o governo passado se recebeu dos cofres públicos para fiscalizar o Executivo e nunca fez uma denúncia, nunca fez uma crítica mais dura, nunca votou contra um Projeto enquanto era Vereador e o ex Prefeito estava no mandato?
Como consegue ter vários mandatos dizendo ser defensor do povo contra a criminalidade, mas defende o discurso da violência policial e de outros métodos não amparados em lei?
Por qual razão não responder a perguntas simples?
Temos acusações sérias e graves e que seria muito bom que fossem respondidas.
Desde a intermediação de cargo para tentar calar a boca de denunciante até encontro marcado desse pré candidato denunciante na casa do mesmo, na hora de uma ação policial.
Tudo estranho, grave e que merece apuração aí sim no campo criminal.
Parentes recebendo auxílio do governo federal é pouco, isso é só o aspecto moral.
Quando um filho de um Vereador, por exemplo, pede um auxílio dessa natureza, ou o pai é negligente na orientação do filho, ou é um pai que abandona o filho passando necessidades.
Quando um Vereador diz que devolveu o dinheiro amealhado pelo filho e diz que reprovou a conduta pelo aspecto moral, dizendo que não sabia de nada até então, faltou agradecer ao denunciante pela informação e dizer que, no seu entendimento, considera que o mesmo acertou quando acusou o ato de ser eivado de imoralidade.
De qualquer sorte, todos somos impactados pela COVID em maior ou menor grau, mas a classe política segue inatingida, em um Olimpo alheio a realidade social.
A mesma moral o eleitor deve usar para avaliar aquele que se diz homem de bem, mas defende a morte e a tortura.
Que se diz religioso, mas defende a idolatria a homens.
Que diz respeitar a família, mas só se importa com a própria e que podem fazer o que quiserem, inclusive pegar valores que não precisam e nem devem.
Entrar com ação na justiça para abrir o comércio e mudar a bandeira para laranja, quando estão quase reconhecendo a necessidade de mudar para a preta, além de uma aventura jurídica não pode ser chamado da expressão que gosta tanto de usar (politicagem)?
Enfim, o eleitor deve descobrir quem é o seu Vereador.
Não falta espaço para que os Vereadores respondam as perguntas, só precisa autorizar a liberdade dos entrevistadores.
Eu tenho muitas perguntas e tinha muita participação em mídia que sempre colaborei e que colaboro, mas diminuiu muito porque os governistas resolveram que não respondem a perguntas de quem é contrário a atual gestão.
Eu sou contra a atual gestão, não sou hipócrita, não vou fingir imparcialidade, pois não sou imparcial.
Minhas perguntas são sempre feitas de forma educada, não busco ofender ninguém, mas sei que causo desconforto em convidados governistas com perguntas ácidas.
Não gosto do atual governo e quero fazer perguntas para ver se o errado sou eu no que penso.
Seria uma excelente oportunidade para o atual governo contrapor aos questionamentos e fazer a população mudar a grande rejeição que vive a administração.
Acho bem difícil algum governista conseguir responder aos meus questionamentos, mas fugindo das perguntas, tenho certeza que será impossível mudar a rejeição que assola um governo que busca a reeleição.
Porque as perguntas ficarão no ar.
E as pessoas podem fazer julgamentos morais até piores do que poderiam ser as respostas.
O povo quer conhecer o seu Vereador, inclusive o governista.
Quer conhecer o Prefeito que prometeu ser acessível, mas vive encastelado e que se nega a ser entrevistado por quem já o entevistou e respeitou e continuaria respeitando e perguntando.
Responder perguntas apenas de mídia isenta ou do lado do governo, na minha humilde opinião, não é o que o povo quer saber.
Tem que ter coragem para aceitar responder as perguntas de quem é crítico do governo.
Até porque Prefeito e Vereadores foram eleitos para administrar a cidade para todos, não apenas para seus seguidores.
Entendo que eu seja apenas um colaborador e que a mídia precise de convidados.
Não levo para o coração quando os donos de mídia que eu sempre colaborei não me dão o espaço de outrora para perguntar, pois sei que não é a mídia que está colocando tal condição e a fuga das respostas é uma estratégia de esvaziamento e desrespeito não comigo, mas com a própria mídia e com os canoenses que querem ver confronto de ideias, não mera propaganda.
O que não entendo é quando os convidados querem escolher entrevistadores com medo das perguntas.
Quando forem pedir votos, caminhem apenas aonde as pessoas não cobram nada e apenas apoiam.
Na hora de pedir votos, serão entrevistados por todos os eleitores nas ruas e a cobrança poderá ser bem menos educada.
Talvez o Prefeito não queira me responder perguntas simples, como aonde investiu os doze milhões que recebeu do governo federal (fora as emendas) e qual o plano para os quase 50 milhões destinados pelo Governo Federal para a COVID?
Ou não queira responder quem é Karla Busato, que consta nas redes como diretora da empresa contratada com suspeita de superfaturamento nas estruturas para a COVID que acabaram sendo desmontadas e estão sendo investigadas pelo Tribunal de Contas?
Não quer responder sobre quais parentes tinha na GAMP quando foram desviados mais de 40 milhões de Reais na sua gestão?
Ou não quer que eu pergunte sobre sua Secretária afastada?
Talvez nao queira que eu pergunte sobre a Secretaria que prometeu extinguir, que hoje está cheia de cargos em comissão comandados pelo seu filho, que teve uma decisão judicial contrária a manter seu filho no cargo em primeira e segunda instância e, quando conseguiu a liminar do Gilmar Mendes, o advogado da ação popular sumiu, desistiu da ação e, em seguida, apareceu empregado na Procuradoria?
Talvez não queira explicar por qual razão contratou o aluguel de mais se sessenta aparelhos de ar condicionado por 1400 Reais, quando comprar um novo custa 1200?
Talvez não queira explicar por qual razão pintar muro na cidade por centenas de milhares de Reais?
Ou seria difícil responder por qual razão prometeu extingiir mais de trinta por cento dos CCs e não fez?
Seria pedir demais que o Prefeito explique por qual razão prometeu a licitação no transporte público, mas fez exigências para que a empresa trouxesse não “ônibus novos, mas novos ônibus” e que, em seguida, propôs a prorrogação por dez anos da concessão, mesmo sabendo as enormes dificuldades financeiras da empresa?
Estarei sempre à disposição dos governistas que tiverem coragem de me dar liberdade para perguntar.
Se for para tentar me pautar, continuarei sem participar de entrevistas, mas usarei todo o espaço que me for concedido para trazer a reflexão crítica dos canoenses sobre os atos de governo e suas consequências nas nossas vidas.