Por Marco Leite

Quanto mais me elevo,
menor eu apareço aos olhos
de quem não sabe voar.
(Nietzsche)

Belo pensamento e profundo no fazer pensar. Saber voar é um estado de pura espiritualidade. Quando fui em busca da esperança de encontrar um caminho para me afastar das drogas e do álcool não imaginava que isso seria o início de um grande voo em busca de reencontrar a mim mesmo.
O voo que eu procurava no horizonte era interior e não conseguia achá-lo. Fui para a Comunidade Terapêutica Fazenda Renascer no fundo do poço e com as asas quebradas.

Primeiro tive que curar as sequelas físicas causadas pelo longo tempo de adicção para aí sim poder consertar minhas asas e partir em busca da inocência perdida. E para isso tive que reaprender a voar. Voltei a ser criança para virar um adulto.

Porém, não me dou mais o direito de ser totalmente adulto. O ser criança é a inocência do espírito e a sua forma mais pura. A criança carrega consigo o poder de mudar o mundo e ensina isso aos adultos mais ligados nas coisas.
Foi sendo criança que comecei a ser novamente mais responsável, e com isso fui muito mais cuidadoso nesta segunda chance que Deus me deu.

Hoje penso muito antes de agir, pois nem sempre o que é bom é o mais necessário. Meus voos são com a consciência tranquila de estar realizando o certo. Luto pela melhora do ser. A guerra contra o álcool e as drogas está sendo vencida, a cada 24 horas.

Em meu voo não quero ser visto mesmo, quero ser pequeno e não procuro ser melhor e nem pior que ninguém. Quero ser eu mesmo, um lutador, um guerreiro que se vence todos os dias.

É assim que reaprendi a viver e não procurar mais voos cegos e prazeres imediatos. A vida é um voo planejado e a felicidade será o resultado final disso. Portanto, vamos voar e ser felizes sendo pequenos aos olhos de quem não quer voar conosco.