Defender emprego também é entrar em campo para preservar a saúde do próximo
Por Vereador Marcus Vinícius Machado, o Quinho
Há cinco meses, um vírus nos colocou dentro de casa, com a missão coletiva de proteger uns aos outros contra um avanço acelerado da pandemia. De maneira acertada, fechamos empresas temporariamente e nos comprometemos com uma série de cuidados fundamentais.
Mas, passados mais de 150 dias, os necessários protocolos de distanciamento já não bastam para defendermos a saúde de todos. O temporário tem se tornado cada vez mais definitivo para milhares de canoenses que, mesmo se preservando contra o vírus, adoecem psicologicamente por não garantir seu sustento. Precisamos nos colocar no lugar do outro.
Um de tantos segmentos que já não suportam essa crise são os centros esportivos de Canoas, geradores de saúde física e mental e responsáveis diretos e indiretos por cerca de 6 mil empregos na região.
Eles reuniram representantes da cadeia produtiva do futebol e elaboraram um manifesto apresentando dados impactantes e se comprometendo com criação de protocolos de prevenção ainda mais rígidos do que é preconizado em outras atividades que já estão liberadas, como mercados, restaurantes, trensurb, shoppings e por aí vai.
Entregamos o documento ao prefeito Busato no dia 13 de agosto e tivemos a posição de que a reabertura do segmento será analisada quando a cidade estiver na bandeira laranja e puder adotar regras da bandeira amarela.
Também levei o manifesto a representantes do Estado. A ideia é que o governador avalie o planejamento dos microempresários de Canoas e possa, inclusive, torná-lo referência para a retomada da prática esportiva nos demais municípios gaúchos.
Importante salientar aqui que não estamos falando apenas de quadras de futebol, estigmatizadas apenas pelo viés da diversão em vez da saúde. Estamos falando de emprego, da sobrevivência dos empreendedores do município.
Há mais do que a doença a ser curada. Assim como o segmento esportivo é um dos que perdeu o fôlego para correr, uma projeção do Sebrae indicou que mais da metade das empresas de Canoas poderiam quebrar com a pandemia até o fim do ano. Isso num universo onde mais de 90% de todas as empresas da cidade são justamente micro e pequenas.
Se analisarmos o cenário nacional, os micro e pequenos empresários respondem por 52% dos empregos formais e por 40% da massa salarial brasileira, segundo a FGV.
Imagine metade da população desempregada. Imagine 40% dos cidadãos do país sem um salário para receber. É possível planejar uma retomada consciente. É preciso. Com prevenção. Com a responsabilidade de considerar a realidade de cada um.
