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Mas hoje o dia é outro.

Por | Fabíola Silva

Hoje é dia 5, dia de receber (Oh Glória), povo com grana no bolso fica mais feliz (nem que seja apenas por um dia).

Dia de chuva, fiquei na cama até mais tarde me dei o luxo de não saltar e sair porta fora procurando um transporte na chuva e a Deus dará, pois hoje é dia que escolhi para me presentear com o transporte só meu, que me pegou na porta de casa e me largou na porta do serviço.

Mas hoje, só por hoje eu posso me dar esse luxo.

Normalmente não é assim, minha rotina vem sendo alterada constantemente, nosso tempo esta sendo sugado, horas de nossas vidas estão sendo roubadas.

O aconchegante carinho e beijinhos dos filhos e os abraços de urso ficam para mais tarde.

Ficam para a hora que alguém em algum lugar quiser colocar um ônibus na linha e nos trazer para casa.

Costumava sair de casa às 7h30 da manhã e pegar o ônibus que sai do final da linha da Mathias às 7h40, e se eu dormisse um pouquinho mais poderia pegar o das 8h tranquilamente, em outros tempos.

Uma vez que outra atrasava, mas eu tinha outra opção.

A pandemia chegou e pensando na segurança da minha família, comecei a ir e vir do serviço de carro, assim eu não iria me expor ao vírus e tentar não deixar com que ele entrasse em meu lar.

E um ano já se passou, meu carro estragou e vida que segue.

E eu acreditei que as coisas estariam como era antigamente, que eu poderia seguir trabalhando como sempre fiz.

E ai que me enganei, minha vida virou uma loucura.

Roubaram-nos o direito de ir e vir, não parei no lockdown.

Parei em uma estrutura falida que está tirando sarro com a cara dos Canoenses.

Cheguei às paradas que estão fazendo Jus ao nome: “PARADAS”.

Cheguei a uma realidade que eu só escutava, minha irmã me disse: “Tu não vê isso por que tu não andas mais de ônibus”.

Realmente fiquei um tempo sem utilizar e me apavorei com o descaso total para com todos os trabalhadores.

Tanto pela parte da manhã quanto final de tarde.

Ficar por duas horas em uma parada e não vir um ônibus se quer? Isso é desumano.

Chego ao túnel da Conceição pronta para pegar um transporte que me leve ao encontro do meu lar e o que encontro são filas quilométricas com pessoas, com trabalhadores, estagnados ali a mais de duas horas esperando um ônibus que nunca vem, o cansaço do corpo começa a incomodar a alma e deixa todos sem saber como retornar, pois não são todos que tem condições de bancar mais uma passagem.

E ali no túnel da Conceição começa a saga de desespero de centenas de trabalhadores que vão para casa de mãos abanando por ter que tirar do bolso mais passagens que o próprio bolso possa pagar.

E hoje é outro dia, como será nossa saga?

Vamos contar com a bondade da Vicasa em nos presentear com os ônibus conforme seria seu serviço prestar? Ou teremos um Central a nos trazer de volta ao lar?

Ou não teremos nenhuma das opções e ficaremos nas paradas enquanto pensamos em uma solução para retornar ao lar?

Não sei.

Só sei que não aguentamos mais criar raizes e perder o pouco tempo que temos para usar com nossas famílias ficando em uma parada a mercê da própria sorte.

Mas hoje é outro dia.

Pedagoga e Gerente Lojista

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