Por | Marco Leite

Vamos pensar na cidade como um corpo humano, onde tudo deve funcionar direito e se não for cuidado certamente algum ponto vai adoecer. Canoas é formada por nervos, que seriam nossas ruas, por eles circulam e vivem as células (nós), pois bem, os nervos e veias são fundamentais para uma cidade funcionar bem. Temos problemas por todos os cantos, mas o nosso Centro está em estado terminal, devido ao abandono, a especulação imobiliária e principalmente estrutural.

O Centro de Canoas é ponto mais velho de nossa cidade, visto que foi onde aconteceu nossa ocupação. De cidade de repouso, veraneio ou dormitório, viramos uma potência econômica de nosso Estado. Porém, o Centro ao longo dos anos foi sendo esquecido, aliás, isso parece ser uma característica das grandes cidades e Canoas não está fugindo disso.

Muitos prefeitos prometeram “arrumar” o Centro, mas nunca vingou. A última grande obra do Centro foi o Calçadão no final de 2015. Foi quando o atual Alcaide da cidade estava em seu segundo mandato, uma obra recheada de problemas, principalmente por falta de um estudo prévio, o que alavancaram os custos da mesma. Na época a justificativa do mandatário era de que havia a necessidade de remover boa parte do solo, que estava contaminado. Foram trocados os sistemas de abastecimento de água e desobstruída a rede pluvial. O Prefeito da época chegou a alertar a população que haveria riscos de vazamento e até uma inundação do Centro, pois a rede tinha, pelo menos, 60 anos e estava totalmente comprometida. Também existiam problemas com redes de energia e telefonia. A rede de esgoto estava totalmente obstruída com lixo e lodo. A obra custou ao erário cerca de R$ 5,49 milhões na época, e incluía também o largo da igreja matriz.

O ABANDONO

Digamos que a obra não ficou como os comerciantes e a população gostariam. Logo após as obras o Calçadão começou a apresentar problemas, principalmente com o escoamento da água.  O calçadão hoje está um abandono só, conforme denunciamos, uma equipe da Prefeitura este por ali após a denúncia e pouco, ou nada, fez. O que fizeram foi plantar algumas plantas, arrancar o madeiramento que estava apodrecido e não repor. Mas esqueceram dos bancos, dos escoamentos da água que lá estão apenas com tapumes e cones, avisando do perigo. Foi uma maquiagem para enganar bobo, assim como fizeram na Praça da Emancipação, em frente ao Paço Municipal.

O CENTRO E ARREDORES

Durante longos anos, talvez décadas, o Centro é um lugar caro para o comerciante se instalar, aluguéis são altíssimos e, falando com uns empresários do ramo, fomos alertados que o maior problema é estrutural. O Centro é um grande estacionamento e mal aproveitado. Por isso a procura é maior que a oferta, se tivessem espaços para lojas ao redor dos estacionamentos o custo dos aluguéis certamente iriam baixar, isso é uma boa análise e uma ótima sugestão. Mas o importante é que muitos comerciantes estão fechando suas portas pelo abandono público.

A 15 de Janeiro, principal via do Centro, está uma cratera que só, os velhos vivem caindo nas calçadas esburacadas e o cruzamento com a Tiradentes é sofrível.

Pois então, o nosso Centro está sofrendo de nevralgia, uma dor aguda causada pelo abandono, quem percorrer o seu trajeto e áreas adjacentes vai ver os vários ferimentos que estão se manifestando no coração de nossa Cidade.

Vale lembrar, nosso velho Centro não quer maquiagem, ele precisa de cuidados, não quer ficar bonito, quer ficar sadio para poder servir aos canoenses.

Fotos | Marco Leite e Cauê Nascimento