Sonífera Ilha
Por | Marco Leite
Canoas, nossa cidade dormitório, “não é uma ilha” como foi dito pelo nosso Secretário de Governança e Enfrentamento à Pandemia. Realmente, nossa cidade já foi uma “sonífera ilha”, onde os moradores trabalhavam na capital Porto Alegre e arredores e aqui só retornavam para dormir e descansar. Com o tempo essa mentalidade foi mudando e nossa cidade se tornou um pólo industrial, hoje disputa um lugar que sua pujança merece.
Nossa cidade está prestes a completar 82 anos de emancipação e um projeto de lei estadual (nº 35/2021) que reconhece Canoas como a Cidade do Avião, foi aprovado por unanimidade na Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, votaram pela aprovação do PL na manhã desta terça-feira (15). A partir de agora, o projeto aguarda a sanção do Governo do Estado.
O projeto, que para nós não significa muito, vai denominar dede Canoas como “Cidade do Avião”. O que já era um dito popular vai virar “oficial”. Como disse Ziraldo em uma feira do livro em nossa comarca: “Canoas é uma cidade que tem nome de Canoa e como símbolo um avião que não voa.”
Projetos de leis a parte, somos de tudo menos uma sonífera ilha, aqui os governantes acordam cedo e vão para as redes sociais divulgar aglomerações e encontros em vilas. O que importa é o marketing pessoal.
As eleições para 2022 já começaram no executivo, o Secretário de Governança e Enfrentamento à Pandemia, Felipe Martini (PSD), está em plena campanha; a Secretária do Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, Simone Sabin (PRTB), também age como uma candidata. A ex-vice prefeita Beth Colombo (Republicanos) é amiga pessoal do prefeito Jairo Jorge e espera também contar com seu apoio para 2022. São tantos os que desejam ser apoiados pelo prefeito que ele vai precisar virar “polvo” para alcançar seus tentáculos para todos os pretendentes para alçarem voos na cidade do Avião.
E tem os candidatos de fora, mineiramente falando, o Avante principal investidor na campanha do prefeito Jairo quer um lugar ao sol na cidade do avião, basta ver os números de cargos que seus componentes ocupam no executivo. Como se não bastasse, o partido é agora a casa do vice prefeito Nedy de Vargas Marques. O mineiro “homem do Tibet” está querendo emplacar seu pupilo, Anderson Dorneles, como deputado em 2022. O investimento na campanha para prefeitura tem que ser pago, né? Então, agora é a hora de honrar os compromissos com “os parças”.
AVANÇO DA PANDEMIA
Como disse o nosso senhor “Governança”, não somos uma ilha, e enquanto nos preocupamos em instalar aviões que não voam em praças e logradouros públicos, planejar uma linha de Trensurb aéreo a custos estratosféricos, fazer leis para nomear o que já somos. A pandemia segue a passos largos e o próprio governo #aglomerasim, indo de encontro ao que prega o #aglomeranão.
Somos, sim, uma ilha da fantasia e do marketing, onde tudo é desenhado como um paraíso e não é o que acontece, a cidade não sai do plano da propaganda.
Nessa “ilha”, a saúde ainda está um caos, pessoas são exoneradas do executivo e aparecem no outro dia em hospitais da cidade, será o fantasma da GAMP? Sim ela ainda está por aí. Na “ilha da fantasia” se tira uma placa e abre-se uma porta e, pronto, basta inaugurar uma obra e dizer que foi sua. Na cidade que coloca a culpa de tudo na pandemia, existem muitas florzinhas e pouca obra que melhore as coisas mais simples. Somos uma “ilha”, onde os dois expoentes políticos brincam que são donos de empresa de ônibus e “investem” nela, mas na verdade o dono da empresa de ônibus é que é o dono da “ilha”.
Somos a “ilha” dos aluguéis, onde a máquina pública está distribuída em diversos bairros da cidade e com custos altíssimos para o erário.
Realmente, não somos uma ilha, nem por sonho seremos. Canoas é e sempre será uma cidade acolhedora com quem chega e cortada por uma linha de trem e duas rodovias federais.
Os problemas existem, são muitos, votamos e acreditamos em nossos novos governantes, mas já se passaram cinco meses de governo. A pandemia teve seu maior pico no início do novo executivo e entendemos as dificuldades. As promessas vazias caíram por terra, tipo: as 400 mil doses de vacinas, quando qualquer um sabia que isso não seria possível de fazer.
Vamos completar 82 anos e 1500 canoenses não estarão presentes na festa, eles foram vitimados pelo Covid-19, não sei se devemos comemorar o aniversário, ou rezar para que as autoridades comecem, verdadeiramente, a governar e fazer menos investimentos em propagandas. Para isso, basta lembrar o fato do Jornal de Prefeitura, que foi parar em um recicladora de papéis e lixo. Até hoje o executivo não apresentou para a sociedade o que aconteceu e como um jornal que nem havia circulado foi parar no lixo, para ser destruído.
Muito estranha esta “sonífera ilha”, que alguns insistem em afirmar que não somos.
Hoje estou fazendo 59 anos, 43 deles vividos em minha querida cidade, sou um “estrangeiro” que ama Canoas.
#noticiasdaaldeiacanoas