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A filosofia serve para prejudicar a tolice, faz da tolice algo vergonhoso

Por | Marco Leite

A primeira coisa que li hoje, tipo às 6h da matina, foi um texto enviado pelo meu amigo de longa data, Jéferson Assumção, o cara nasceu em Santa Maria, já escreveu uns 20 livros, mas nenhum, pelo menos para mim, superou a nossa querida Vaca Azul, e nem poderia. Afinal ela é Ninja, um livro da mais pura filosofia do cotidiano que movia a nossa juventude, não tanto transviada com a dos anos 70, mas muito mais politizada com absoluta certeza.

Pois o Jéf, meu amigo Camelô do Trensurb na Estação Canoas, foi forjado pelos livros e pela vontade do descobrir. O cara foi longe com sua Vaca Azul, apesar de ser um grande colorado, de tanto ler e escrever, acabou descoberto pelo nosso maior jornalista canoense O Tonito, Antônio Canabarro Tróis Filho. Lá pelo começo dos anos 90, o nosso Jéf, começou a publicar suas crônicas nos jornais locais. Passou pelo Radar, Folha de Canoas, Diário de Canoas e outros jornais deixando sua escrita recheada de filosofia, só não entendia quem não queria entender, quem entendeu só teve ganhos na leitura.

Mas já enchi demais a bola do nosso camelô, não é dele que quero falar, e sim da mensagem que ele mandou para um grupo de jornalistas que tenho o prazer de fazer parte, o texto é o seguinte:

Quando alguém pergunta para que serve a filosofia, a resposta deve ser agressiva, visto que a pergunta pretende-se irônica e mordaz. A filosofia não serve nem ao Estado, nem a Igreja, que têm outras preocupações. Não serve a nenhum poder estabelecido. A filosofia serve para entristecer. Uma filosofia que não entristece a ninguém e não contraria ninguém, não é uma filosofia. A filosofia serve para prejudicar a tolice, faz da tolice algo vergonhoso. Não tem outra serventia a não ser a seguinte: denunciar a baixeza de pensamento sob todas as suas formas (…)

Deleuze in “Nietzsche e a Filosofia”.

VOLTANDO PARA O MEU COTIDIANO

Vamos voltar ao nosso dia. Tomei dois cafés pretos para acordar e entender a profundidade da sabedoria filosófica que o Jéf mandou e colocar ela em meu cotidiano, pois não basta ler, tem que compreender e se bem entendido praticar a filosofia.

Ontem foi um dia confuso, muita chuva, e vocês notaram que não alagou? Pois é, não alagou Canoas, será que fizeram o óbvio, limpeza e prevenção. É tão simples isso, mas os políticos não lêem filosofia, aliás, alguns nem sabem ler e são diretores, secretários para resolver os problemas da Aldeia. Em uma cidade onde o responsável pela saúde manda paciente para hospitais errados, nem a filosofia explica.

E tem os escritores de promessas, pode ser em programas de governo, ou até em livros, deixam registradas as mentiras de campanha em sua vã filosofia pinoquiana.

Que saudades da Vaca Azul, hoje até o postinho do valão aberto da Inconfidência mudou de nome e não atrai mais os vagalumes noturnos. O que sê vê são ruas abandonadas e mal cuidadas, são novos tempos de governo, uma época onde o dinheiro não jorra mais como antes. Mas deveria ser na dificuldade que os grandes governantes surgem, mas não, hoje estamos nos tempos das falsas promessas como a das 400 mil vacinas, das bem feitorias e aportes financeiros para uma empresa que presta um mau serviço de transporte para população e não paga seus empregados, temos vereador pagando uma de estadista e querendo resolver problemas de outras cidades e que não são de sua competência. Bom mas o fruto não cai longe do pé, nesse caso, filosoficamente falando, um tiro no pé. Teria muito mais a falar sobre nossos problemas, mas perder tempo com o quê? Com Lives furadas e para autopromoção, não, tenho mais o que fazer. Vou filosofar uma pouco.

A filosofia serve para prejudicar a tolice, faz da tolice algo vergonhoso. Não tem outra serventia a não ser a seguinte: denunciar a baixeza de pensamento sob todas as suas formas.

Jéferson Assumção (Foto: Guilherme Assumção)

UM POUCO DO HISTÓRICO DO JÉFERSON ASSUMÇÃO

Filho de pequenos agricultores, Assumção mudou-se com a família, aos quatro anos de idade, para Canoas, na Grande Porto Alegre. Foi camelô dos 15 aos 23 anos na Estação Canoas do Trensurb, período em que formou sua relação com a literatura e lia e escrevia incessantemente. No final dos anos 80, começou a publicar contos e crônicas na imprensa local. Em 1994, lançou A vaca azul é ninja, um “livro infantil para adultos”, carregado de uma linguagem metafórica e influências de Campos de Carvalho e Manoel de Barros. Seu romance mais recente, O berço de Judas (Editora Taverna), foi lançado em 2019. Entre os autores de sua preferência, estão também Juan Carlos Onetti, Julio Cortázar, Jorge Luis Borges, Anton Tchecov, António Lobo Antunes e Thomas Bernhard.

É autor de mais de 20 livros, entre romances, contos, livros infantojuvenis e de não ficção. Formado em filosofia e diplomado em Estudios Avanzados (DEA) em Filosofia pela Universidad de León, na Espanha, é também doutor em Humanidades y Ciencias Sociales pela ULE e possui Pós-doutorado em Teoria Literária pela Universidade de Brasília (UnB), com a pesquisa Ideias sobre o romance em Ortega y Gasset.

Atuou por dez anos no setor política cultural, sendo coordenador-geral e diretor de Livro, Leitura e Literatura no Ministério da Cultura (MinC), secretário municipal de Cultura de Canoas-RS e secretário adjunto de Cultura do Rio Grande do Sul. Coordenou pelo MinC a participação do Brasil em diversos eventos literários no exterior, como a Feira do Livro de Frankfurt em 2007 e 2008 e o Salão do Livro de Paris 2015. É um dos criadores da Movida Literária e colunista de literatura da Mídia Ninja.

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