Por | Marco Leite

Recorro ao poema do grande Caetano Veloso para desacelerar o tempo, eu estou fazendo um acordo com o tempo. Tempo, tempo, tempo, para mim. Tenho dedicado tempo para tudo, trabalho, sociedade, família, política e tudo em prol dos outros.

Como diz Caetano:

“Tempo, tempo, tempo, tempo
Vou te fazer um pedido
Entro num acordo contigo
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Quando o tempo for propício
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
E eu espalhe benefícios”

Preciso desacelerar para seguir em frente, refletir o momento que estou vivendo é preciso, então se faz necessário tirar o pé do acelerador.

Não que tenha algo de errado, muito pelo contrário, estou no auge de minha existência, chegando aos 60 anos com a clarividência do amadurecimento.

Mas preciso de um processo de descanso mental, um momento de autoconhecimento, auto-observação e principalmente de meditação. Eu vou fazer isso nos próximos dias, e acredito que todos nós precisamos disso também. Então, se puder, e o tempo (sempre ele) lhe permitir faça isso, fica meu conselho.

O ano passou rápido, a pandemia está aí ainda, estamos em processo de uma mudança de comportamento mundial. Uma nova forma de viver, nada mais é igual, tudo requer cuidados com um inimigo invisível.

Mas eu vou me arriscar, já não tenho mais o tempo a meu favor. Por isso me dou ao luxo de “dar um tempo”.

É preciso estar PRESENTE no tempo, ficar um pouco mais com a família, e porque não, sair, dançar, viajar e fazer palavras cruzadas. O tempo parece não passar… ou pelo menos passa de maneira mais lenta, que coisa boa será desacelerar.

Dia desses conversando com amigos falamos da importância do tão falado “estado de presença”: que é você estar de corpo, coração e alma onde quer que esteja fazendo o que tem que ser feito.

Então estou fazendo um acordo com o tempo, vou estar ausente do tempo das responsabilidades, vou bem devagar transformar o tempo em falta de compromisso.

Vou parar com os assuntos mais profundos, mais impossíveis e mais permanentes. É preciso descansar a mente e para isso peço permissão ao tempo, pois preciso “dar um tempo”.

Quero sair do “piloto automático”, e deixar de ser levado, se não assim o fizer, não terei tempo de parar pensar, respirar, planejar, agir, ou apenas SER…

Hoje decidi medesapegar do tempo, vou dar tempo ao tempo.  Vou fazer as coisas mais lentamente ou apenas me permitir não fazer absolutamente nada sem sentir culpa.

Estou sem pressa de viver, pelo menos por uma semana, pedi demissão dos compromissos.

Não vou escrever, não vou denunciar, não vou ler centenas de problemas que me chegam todos os dias, afinal eu sou o chato de plantão. Mas que todos recorrem, sinto que o piloto automático está me causando um estresse danado.

Então vou fazer esse acordo com o tempo, e eu mereço esse PRESENTE, minha mente está devagar quase parando. Desacelerar irá me trazer uma paz que não tem preço.

Então, porque não experimentar?

Eu vou fazer isso, peço demissão da Aldeia, de Gotham City, quero ser exonerado até o final do ano.

Ano que vem tem eleição, eu vou estar de volta, que o candidato que lograr êxito no pleito ganhe um brilho definido e espalhe benefícios.

FELIZ NATAL E FELIZ ANO NOVO!