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O descaso e o ilícito com a coisa pública

Por | Marco Leite

“…não tem mais como eles fazerem coisas pra mim agora porque eu não tô no governo, né?”.

A frase acima não é minha, é uma parte retirada da investigações da operação Copa Livre. Eles perderam o pudor e estavam tão confiantes que se davam o luxo de negociar propinas pelo WhatsApp, ou seja, a confiança gerou o deslize, escutas são muitas e impactantes. Se tudo for comprovado com provas, que parecem ser robustas, algo de novo há de acontecer. Que é punir os culpados, claro, se ele forem condenados.

O DESPACHO

Na terça-feira(5) a juíza Adriana Morozini, da 2ª Vara Cível de Canoas, determinou intervenção do Governo do Estadual no HPSC –  Hospital de Pronto Socorro de Canoas. A empresa o Instituto de Atenção à Saúde e Educação (Aceni) e seus administradores foram afastados da casa de saúde do Município.

Não estamos aqui condenando ninguém, mas o processo de investigação é claro, a suspeita é de esquema criminoso e envolve figuras públicas do município, tendo como principal ator o Alcaide de Canoas. Eles, segundo as investigações, negociaram propina durante as eleições para poder assumir hospital, tendo o disparate de fazer os ajustes no edital antes dele ser publicado, para que pudessem vencer o pleito ou o tal contrato emergencial, esse, que dispensa licitações.

Isso é claro teve desdobramentos, o prefeito Jairo Jorge (PSD) foi afastado do cargo por seis meses. Segundo o despacho da juíza, o Instituto doou dinheiro para o atual prefeito de Canoas nas últimas eleições com a promessa de que seriam beneficiados no futuro.

Vejam o que diz no despacho: “Após profunda e criteriosa investigação realizada, constatou-se que o procedimento administrativo de dispensa de licitação nº 89.123/2021, que originou a contratação em análise, foi direcionado por agentes públicos do Município de Canoas com a evidente intenção de que fosse vencido pelo Instituto de Atenção à Saúde e Educação – ACENI.”, afirma.

SILÊNCIO E ESPERA

O advogado que defende o Prefeito, não tem falado a imprensa, falou para alguns órgãos de comunicação que não se manifestará, até que responda diretamente ao desembargador. Jairo Jorge, afastado, também deverá manter o silêncio por enquanto. Enquanto isso o vice Dr. Nedy de Vargas Marques está no Paço Municipal comandando a cidade.

DAS MENSAGENS

A quebra de sigilo telefônico dos investigados e apresentadas pelo Ministério Público mostram a relação entre a empresa e os atuais gestores do município durante o pleito.

As mensagens, segundo o despacho, mostram o claro apoio do grupo paulista pretendia disponibilizar ao candidato com maior intenção de votos para o pleito municipal que se aproximava, conforme pesquisas eleitorais da época, no caso o Prefeito eleito em 2020.

(…) “Aludida prova apontou a existência de contatos do então candidato a Prefeito de Canoas, Jairo Jorge da Silva, com os demais investigados, com a promessa de entrega ao candidato de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), sendo que, deste montante, em 25/09/2020, acabou por ser efetuada a entrega de, no mínimo, R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), em um restaurante em São Paulo” (…)

A conclusão do despacho mostra claramente existência de conluio entre os agentes públicos e representantes da entidade vencedora do certame, mediante grave esquema de corrupção e desvio de verbas públicas, por isso foi concedida a intervenção do Estado.

No WhatsApp, o despacho mostra a confiança dos envolvidos na falcatrua, chegam a afirmar o seguinte:

(…) “É aquele contrato magnífico…o contrato lá é gigantesco”, afirma um dos envolvidos. “Beleza, legal. Pô, se vê que o cara tá bem nas pesquisas mesmo, a gente vê direitinho, a gente vai para cima, investe” (…), essa gravação foi no dia 14/09/2020, às 23h31min.

Mais uma vez vamos repetir a frase:

“…não tem mais como eles fazerem coisas pra mim agora porque eu não tô no governo, né?”.

Isso é um desaforo para a população de Canoas, onde um agente público, praticamente declara que é mais vantagem estar fora do Governo e poder fazer falcatruas aos olhos visto, afinal, a confiança era tanta que não daria em nada, né?

Graças a Deus, está dando, algumas laranjas estão começando a cair, e mesmo que não sejam condenados, afinal, bons advogados e justiça lenta fazem o processo se arrastar. Com os diversos recursos que existem os políticos vão se safando. Mas uma coisa é certa, não iremos deixar o povo esquecer do ocorrido. Essa mácula ficará marcada na paleta de quem lesa o maior bem que poderíamos ter “a saúde”, em uma cidade onde vivem pintando fachadas de hospitais, UPAs e UBSs e por dentro nada funciona.

Temos funcionários que não recebem seus direitos, o salário da terceirizadas vive atrasando, insumos estão sempre faltando, médicos e profissionais estão esgotados. E pra piorar logo no início dessas empresas assumirem os hospitais ficamos com um déficit de 1.400 profissionais que não foram recontratados.

Isso tudo é culpa do WhatsApp, afinal sempre o culpado é outro, ou uma administração passada, ou os laranjas de amostra que não param de defender o indefensável.

ENTENDA O CASO

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