Categorias

Most Viewed Posts

Header Ad

Categories

  • Nenhuma categoria

Most Popular

Most Viewed

Sorry! Try with valid API key.

DÉBORA BIANCA SILVA

A luta de uma paciente, do
Sistema de Saúde de Canoas,
para ser atendida

Por | Marco Leite

O Limoeiro/Aldeia acompanhou durante um tempo a peregrinação de Débora Bianca Silva, usuária do SUS em Canoas, em busca de consultas e de uma cirurgia. Ela corria risco de vida, assim como muitos que usam o nosso sistema de saúde. Participamos e vimos à mobilização em torno de Débora, mas o sistema, ainda mais agora com a pandemia, é cruel com quem procura ajuda. Conversamos com ela e queremos mostrar a realidade de alguém que passa por essa situação em Canoas e no país.

LIMOEIRO | Olá Débora, vou dar olá, pois afinal já somos amigos, tamanho o tempo que nos conhecemos de forma virtual, apresente-se e nos conte um pouco de sua história.

DÉBORA | Olá meu querido, sou Débora, 38 anos, moradora do Guajuviras. Mãe de dois filhos, uma menina de sete anos e um rapaz de 20. Digamos que me considero uma lutadora e positiva, apesar de algumas limitações. Lidar com injustiça e frustração é algo bem difícil pra mim.
Minha história se inicia em abril de 2019, referente à saúde de nossa cidade, mas minha irmã (falecida há 10 meses) já sentia na pele estes reflexos.

Mas vamos falar sobre o meu caso

Tive crises de dores muito fortes em abril do ano passado, procurei ajuda no gracinha, lá fui atendida por um médico anjo, doutor Edegardo (não lembro o sobrenome), o primeiro diagnóstico: cálculo na vesícula e lesão no fígado.
Aí se iniciou uma via sacra: Requisições e fila, para exames e cirurgias. Sempre me foi deixado claro, não existe prioridade e sim “ordem de chegada”.
Comecei a ter dificuldade para andar e também fui para fila de colonoscopia. Em agosto de 2019, fiz um desabafo no Facebook, pois haviam me esgotado as forças para um atendimento, nem mesmo medicação para dor queriam mais me dar, apenas “espere”, logo a fila anda.
Neste desabafo, no dia 16 de agosto, outra cidade entrou em contato comigo e se prontificou a me ajudar. Foi uma correria, empréstimos, cheguei a vender algumas coisas minhas.
No dia 17 de agosto perdi minha irmã, para a fila de cardiologista, ela tinha uma válvula mitral, estava há dois anos sem ajuste das medicações, minha melhor amiga não suportou e veio a falecer. Passei o velório e sepultamento da minha irmã, em pé, mal caminhava e sentar era impossível.
No dia 19 de agosto, marcaram minha coloscopia para cinco dias depois, fui e o que mais me maltratava eram os pólipos, já em estado avançado, eles Foram removidos no momento do exame. Em dois meses já operei a vesícula e tratei a lesão do fígado, isso em novembro do ano passado.
A cirurgia teve complicações, veio uma hérnia enorme e mais uma vez voltei para fila. Mais quatro anos, para uma pessoa que mais uma vez estava sem caminhar, que sentia o intestino na costela e tinha que massagear até voltar para o lugar. Mas não desisti, herdei a máquina de costura da minha irmã, uma grande ajuda foi feita para me ensinar a costurar. Ganhei tecido, ganhei linha e assim comecei. Não queria pena e muito menos viver de doações, queria eu mesma fazer minha renda, não aceitava a palavra desistir.
Foi aí, que uma força tarefa surgiu para me ajudar em relação ao procedimento cirúrgico, pessoas que nunca vi, mal sabiam da minha existência, abraçaram está causa, a grande maioria aqui do nosso grupo “Aldeia”. Enfim, no dia 27 de maio, foi feita a cirurgia no Hospital Universitário.

LIMOEIRO | Quais foram os principais motivos e dificuldades que você enfrentou na operação?

DÉBORA | Não tive dificuldades no dia da operação, fui atendida por anjos, meu único medo foi na hora do procedimento, pois a hérnia havia dobrado de tamanho, e mais médicos foram chamados. A cirurgia durou 3 horas e 10 minutos. Ocorreu tudo bem no procedimento, todas as equipes foram maravilhosas.

LIMOEIRO | Como o sistema, e os profissionais, tratam os usuários do SUS?

DÉBORA | O atendimento pelo menos o que eu recebi, foi de amor, carinho e muito cuidado. Profissionais carinhosos demais, apesar de não ter leito para minha recuperação, a equipe me manteve sempre sem dor, alimentada e confortável.

LIMOEIRO | Aponte os fatos negativos durante a sua peregrinação em busca de sua operação?

DÉBORA | Ponto negativo sobre a minha peregrinação foi a falta de fila prioritária e tratarem pessoas como números. Precisamos de mais organização referente às filas e essa questão não é de agora, não é por conta da covid-19, já vivemos essa realidade há algum tempo.

LIMOEIRO | E os positivos?

DÉBORA | Pontos positivos, os amigos que toda essa luta trouxe-me, o carinho, a preocupação e pessoas incríveis. Todos os dias mensagens de carinho e preocupação. Enxergar humanidade nas pessoas não tem preço.

LIMOEIRO | Como foi ser operada em um tempo de Covid-19, você sentiu medo de pegar o vírus?

DÉBORA | Não tive medo referente à Covid-19 em minha cirurgia, tenho muita fé. Apesar de saber do grande perigo do vírus, a ala em que fiquei, era higienizada a todo instante. Fiquei três dias na recuperação, sobre os leitos não posso falar, pois estavam indisponíveis.

LIMOEIRO | E agora? Como foi o tratamento no HU? E o que você tem de expectativa para sua vida e de sua recuperação?

DÉBORA | Meu atendimento, no HU, foi fantástico pelos anjos profissionais que Deus escolheu pra me operar. Todos atenciosos e humanos. As técnicas e enfermeiras sempre com cuidados extremos e preocupadas com minha condição. Como não tinha leito, montaram uma força tarefa para ao menos trocar minha cama, isso foi de muita sensibilidade, pois elas trabalham com o que podem.
Levo agora comigo a luta, não ficar quieta!
Se tiver que reclamar, reclamo, e se tiver que elogiar também o faço. Os profissionais trabalham com as ferramentas disponíveis, só precisamos de uma gestão de saúde mais voltada ao lado humano.
Sobre minha recuperação, estou louca para voltar a costurar, uma profissão que aprendi na dor e para que nada falte a minha pequena. Sou grata a nossa Aldeia e a você querido, sempre me erguendo e mostrando o lado positivo das coisas.

https://www.facebook.com/noticiasdaaldeiacanoas/

Acesse nosso Whats
https://chat.whatsapp.com/FqF4mJWVmKA8agL5y0OCGC

Acesse nosso Telegram
https://t.me/joinchat/Mbkk-hdc8XUJAPsl8pqpDg

    Leave Your Comment

    Your email address will not be published.*