A ILUSÃO DA CLOROQUINA

Por | Maicon Prado
O Brasil chega a marca de mais de 83 mil mortes e 2 milhões de infectados, sendo Canoas com mais de 1300 casos e mais de 60 óbitos até agora. Diante de tamanho cenário e de um colapso próximo do sistema de saúde, se esperava políticas mais rígidas de controle do distanciamento social, mas o que vemos é uma ampla ação de iludir os brasileiros e os canoenses.

O que vemos é a politização da Cloroquina e Hidroxicloroquina – iniciada pelo presidente dos EUA, que posteriormente reconheceu sua ineficácia – e abraçada pelo presidente Bolsonaro na contramão do que os estudos científicos, como a da revista científica Lancet que apontou o risco aumentado de morte com o uso. A Organização Mundial da Saúde e a Sociedade Brasileira de Infectologia recomendam o abandono do uso da Cloroquina levado em consideração não ter evidências de seu benefício no combate ao Coronavírus e o alto risco que pode levar o paciente a óbito. Quero destacar também dois estudos, publicados ontem 22/07, na revista Nature que apontaram que a cloroquina e a hidroxicloroquina não são úteis no tratamento da Covid-19. Para mais evidências, quero lembrar que na semana passada outro estudo publicado pela revista “Annals of Internal Medicine” apontou que a administração de hidroxicloroquina em pacientes com quadro leve de Covid-19 não se mostrou eficaz.

Como um racional e defensor da Ciência só tenho a criticar altamente o uso político na publicização de recebimento de doação desses tipos de medicamentos por parte do governo Busato. Bolsonaro e Busato são duas faces da mesma moeda, ou melhor, do mesmo modo de fazer política, iludindo a população em vez de aplicar políticas públicas mais efetivas no combate ao Coronavírus. Não podemos permitir que estes medicamentos sejam disponibilizados na rede básica de saúde. Para finalizar, o MPF e o TCU estão investigando o aumento de seis vezes mais no valor de compra da cloroquina pelo Ministério da Saúde, tendo fortes indícios de superfaturamento.

Estudante de Políticas Públicas