A cidadania através do esporte
Texto | Marco Leite
Fotos | Pablo Reis
O esporte através dos tempos tem salvado vidas, eu sou um exemplo. Quando cheguei à Canoas em 1978, recém havia sido inaugurado o complexo esportivo Centro Social Urbano da Mathias Velho (hoje o Centro de Esporte e Lazer) e logo após em 1980 veio o Centro Olímpico Municipal de Canoas, no Bairro Igara. As obras foram feitas pelos então prefeitos, Geraldo Gilberto Ludwig e Luiz Jeronymo Busato (pai do atual prefeito), que governaram nos anos de 1977 até 1983.
Essas duas importantes obras foram um marco na história esportiva de Canoas, pois ajudaram a transformar vidas e deram oportunidades para muitos alunos da rede de ensino a prática esportiva. Canoas se transformou, naquela época, na cidade do esporte.
Vencemos diversas modalidades e sediamos os JIRGS (Jogos Intermunicipais do Rio Grande do Sul), formamos alguns atletas olímpicos e os menos afortunados tiveram a oportunidade de disputar de igual para igual com as escolas de ensino particulares.
RESGATANDO A CIDADE DO ESPORTE
Durante algum tempo os complexos foram abandonados e desvirtuados de seu verdadeiro objetivo. Porém, agora surge outro grande complexo, a Estação da Cidadania, e que devido a Pandemia permaceu fechada, mas que agora está voltando a formar e educar novos atletas e cidadão de Canoas.
Ontem estivemos no complexo, fomos recebidos pelo coordenador Paulo Lopes, ele nos relatou de como funciona e que na inauguração já existiam 800 alunos inscritos, entre crianças, jovens e adultos. Forçados a parar com as aulas presenciais durante a pandemia, a Estação está recomeçando novamente e complexo já conta com algumas modalidades funcionando, são elas: ginástica rítmica e artística, além do judô e do atletismo.
Aos poucos o projeto, inaugurado em junho e de uma grandiosidade impar, começa novamente a promover valores de cidadania, fortalecer vínculos familiares e comunitários, além de fomentar a participação social com o desenvolvimento de ações socioassistenciais, culturais e esportivas.
GRANDIOSIDADE
A Estação Cidadania abriga um moderno ginásio para a prática de Ginástica Rítmica e Artística, com quadra em piso sintético, arquibancada para 177 pessoas, espaço para a prática de judô, academia, sala de professores, copa, enfermaria, vestiários, além de atender todos os requisitos de acessibilidade. O projeto também contempla, na área externa, uma pista de atletismo para a prática dos 100 metros rasos, salto em distância e arremessos.
Um dos maiores entusiastas do projeto, o prefeito Luiz Carlos Busato ressalta que a Estação Cidadania é um equipamento que vai fazer a diferença para a população do bairro Mathias Velho e para a cidade de Canoas.
“Esse complexo vai beneficiar e muito a saúde, não só do corpo, mas da mente. Vamos fazer uma outra frente de atuação na prevenção da segurança. Queremos ocupar nossas crianças com atividades positivas. Estamos transformando Canoas em uma cidade cada vez melhor para se viver. Essa vai ser a verdadeira porta para a cidadania. Canoas se tornou a cidade do esporte em nossa gestão, através da construção da Estação Cidadania, do Talentos do Esporte, os mais de 700 eventos realizados desde 2017, a iniciativa Escola do Esporte, a ampliação do Ceca”, concluiu o prefeito.
INVESTIMENTOS
Ao todo, foram investidos na Estação Cidadania R$ 4.638.203,42, desse valor R$ 3,6 milhões de verba federal e R$ 1 milhão da Prefeitura de Canoas.
Valorização de futuros atletas cidadãos
Vejam a principais ações do município para transformar Canoas em uma vertente de talentos, tanto em esporte de alto rendimento, bem como no resgate da cidadania através das práticas esportivas.
Talentos do Esporte
Outra iniciativa transformadora foi a criação do programa Talentos do Esporte, regulamentado em janeiro de 2019. O projeto forma atletas de alto rendimento no município, oferecendo locais para treino, acompanhamento de equipes técnicas e multidisciplinares, uniformes e auxílio-transporte para os esportistas. São contempladados crianças, adolescentes e adultos, que integram equipes de handebol, voleibol, basquete, ginástica rítmica, ginástica artística, boxe, judô e atletismo.
Apenas no ano da regulamentação, foram diversas competições disputadas em Canoas e em outras localidades. E as equipes do programa não decepcionaram. Garantiram quatro medalhas de ouro, com o time de handebol feminino, sendo um dos destaques.
Com repercussão a nível nacional, a iniciativa oferece, ainda, uma relação próxima com a rede de ensino ao acompanhar o desempenho escolar dos novos talentos.
De acordo com a secretária de Esporte e Lazer, Bárbara Marconato, somente em 2019, 367 atletas participaram de competições locais, estaduais e nacionais. Em nove eventos, realizados fora do município, o programa obteve cinco medalhas de ouro, uma de prata e outra de bronze. O calendário deste ano previa a inserção de futsal e basquete femininos, que já estavam com peneiras programadas, mas devido à pandemia teve de ser prorrogado.
Fique em casa com a SMEL
Em alinhamento com todas as ações para impedir a proliferação do novo coronavírus em Canoas, a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL) suspendeu, em março deste ano, as aulas presenciais de seus programas. No entanto, em consonância com outras áreas, a tecnologia emergiu como uma alternativa salvadora. Assim, cerca de trinta servidores e profissionais contratados, distribuídos por modalidade, utilizam seus celulares, tripés e iluminação para enviar videoaulas aos grupos de alunos através das redes sociais. A iniciativa batizada de “Fique em casa com a SMEL” respeita as medidas de prevenção à covid-19 e mantém os atletas engajados em uma rotina de exercícios.
UM CANOENSE OLÍMPICO CONTA SUA HISTÓRIA
Conversamos com um canoense que foi nas Olimpíadas de Seul, em 1988, Floriano Spiess, que nos representou na modalidade de luta olímpica (Greco Romana) e ele nos relatou as dificuldades de conquistar uma vaga nos jogos.
Floriano diz : “como superei a falta de apoio? Na verdade ela foi superada por uma questão quase absurda de meu pai, Valter Spiess (o Valtão), ele jamais deixou faltar absolutamente nada para que eu pudesse despontar, nunca poupou em uma viagem, podia ser no Brasil ou no exterior. Ele dava o seu jeito, vendia férias e outras coisas para me manter como atleta, em um primeiro estágio como um atleta e ponta da cidade, depois do meu estado e posteriormente do país. Mas realmente era uma época muito difícil de conseguir patrocínio as empresas estavam recém começando a vislumbrar de quanto atleta iria aparecer nestas competições, claro que com o mundo televisivo a partir de 1988. Os jogos começaram a ter câmeras colocadas em lugar estratégicos então, isto fez com que os patrocínios começassem a aparecer. Hoje eu tenho uma vasta experiência, pelo que eu vejo da Sogipa, que é um clube onde eu tenho muitos amigos, como o técnico Antônio Carlos Pereira (o kico), e agente vê que uma atleta como a Maira Aguiar ganha muito, mas muito bem. Ela só precisa se preocupar em treinar. Coisa que não tínhamos naquela época, são tempos e resultados diferentes e essa turma que chegou aí do judô, do atletismo e a ginástica olímpica principalmente. Houve uma pulverização no esporte que ajudou bastante a despontar realmente o nome do Brasil. A gente vê ainda que principalmente no alto nível, o esporte ainda não é popular e precisa de um “paitrocínio”. A gente fica imaginando quantos atletas de altíssima performance estão se perdendo nos morros e em lugares onde as pessoas têm menos condições financeiras para manter um filho treinando. Então fica muito complicado. Ainda hoje o atleta sofre bastante.
Por isso o fato de se ter realmente estes centros, como a Estação de Cidadania, sendo usado de forma unilateral tanto o atleta que está buscando uma performance mais a ajuda, inserindo a comunidade nestas pistas. Já vimos exemplos como no CETE do Menino Deus, com uma pista onde a comunidade toda pode usar ou na ESEF, Faculdade de Educação Física do Estado. A gente vê que a comunidade tendo a possibilidade, ela estará lá para realmente usar e sem depredações.
Um complexo destes deixa a gente bastante feliz, eu acho que esta iniciativa é fantástica, realmente tem que se fazer muito bem essa mescla entre a turma que quer treinar e a turma que realmente quer usar o centro esportivo como forma de seu lazer. Acredito que tenha espaço para todos. Então, vejo com muito bom olhos esta iniciativa do Prefeito Luiz Carlos Busato e acho que cada vez mais essa questão de o povo estando junto no local de treinamento onde as pessoas possam jogar seu futebol no final de semana, isso só ajuda a socializar mais o povo brasileiro.
Floriano Spiess, hoje é um renomado “chef” de cozinha, está radicado em Portugal e elevando o bom nome de nossa cidade mundo afora
Vejam o depoimento de uma avó e um futuro campeão:
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A Soberba derruba – Notícias da Aldeia Canoas
novembro 4, 2020 at 5:42 pm[…] A cidadania através do esporte […]