Educação domiciliar, a quem serve?
“A escola não transforma a realidade, mas pode ajudar a formar os sujeitos capazes de fazer a transformação, da sociedade, do mundo, de si mesmos.”
Paulo Freire
Por | Telassim F. C. Lewandowski
Foi com muito tristeza que acompanhei a notícia de que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul aprovou o projeto de educação domiciliar no nosso Estado. Se for sancionado pelo gosvernador Eduardo Leite, o PL 170/19, do deputado estadual Fábio Ostermann, autoriza o Homeschooling (termo em inglês para educação domiciliar). Esse deputado que se diz liberal é professor, mas não tem graduação, formou em direito e economia, estudou nos EUA (nada contra), mas não é professor de escola pública, não conhece e não está preocupado com a educação de fato.
O que me preocupa é que a educação sofre, há anos, um sucateamento, principalmente no nosso estado. A pandemia trouxe uma realidade de miséria absoluta, de abismo social. Não há estrutura para abrir escolas na pandemia, não há planejamento, não há gestão, as crianças estão a deriva nesse navio que afunda. Mas os ricos estão preocupados com os seus, somente seus filhos importam, desde que possam garantir a educação no seus lares aconchegantes, os demais que se virem, não é mesmo?
A escola é o alicerce da educação, é onde se forma o caráter tambem, onde se aprende, em primeira instância a se conviver em sociedade, onde há troca, há transformação, como escreveu Paulo Freire. Os nobres deputados, do alto de suas casas ar refrigeradas poderiam descer para a realidade, ver onde estão as crianças nesse momento, como estão aprendendo, deveriam fazer Pls para distribuição de equipamentos de informática para aqueles que não os têm, o jovem deputado Fábio Ostermann deveria se espelhar nos EUA para oferecimento de internet gratuita nas cidades, nas periferias, deveria se preocupar com o desenvolvimento de ferramentas de ensino, de estrutura mínima para que as escolas recebessem seus alunos e alunas de forma segura e tranquila, com a vacina para todos e todas já!
*Professora da EJA | Escola Ludwig