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Villa Nenê e a placa turística na história em ruínas

Por | Marco Leite

Em 2009, o então prefeito e mandatário de hoje, tombou a Villa Nenê como Patrimônio Histórico e Cultural, o que indicaria a preservação do imóvel e um provável uso para contar o passado de nosso município. Desde então, o Patrimônio Histórico foi de tudo, até comitê eleitoral de candidato, mas a sua fundamentação nunca foi cumprida pelos governantes. Três mandatos se passaram, dois prefeitos, e a Villa só conheceu o abandono. Os políticos só não esqueceram de colocar uma placa turística, indicando o local com algo a ser visitado.

A Villa Nenê é o nosso “Coliseu” de Canoas, tomada pelo mato e pelo lixo, está prestes a cair, não sabemos quanto tempo vai resistir. Talvez seja isso que os governantes queiram, pois aquela esquina sem o “patrimônio” daria umas belas “torres imobiliárias” e aquele prédio poderia estar atrapalhando, com tanto espaço ocupado no terreno.

Preservar nossa história parece que só é válido quando gera lucro imobiliário, o que não seria o caso da Villa Nenê, mas acreditamos que quem tombou o patrimônio histórico, não queira perder mais um pouco de nossa história, né?

Enfim, nas fotos da para ver que ainda é possível pelo menos conservar a fachada do patrimônio tombado, antes que ele tombe definitivamente com parte de nossa história.

Com a palavra, os responsáveis por preservar nossas raízes, pois afinal a casa tem resistido até a incêndios provocados por moradores de rua que invadiram o local.

O que o fogo não destruiu, talvez, os governantes possam preservar. Isso já aconteceu, na Casa dos Rosa, hoje totalmente preservada.

AQUI UM POUCO DA HISTÓRIA

Breve relato sobre a Villa Nenê

Por | Edison Barcellos

Antônio Cândido Silveira, segundo escritura de 5 de junho de 1925, comprou um terreno na povoação de Canoas, 4º distrito de Gravataí, terreno este em que viria a construir sua moradia.

Entretanto, a construção da Villa Nenê foi realizada apenas três anos depois, em 1928 e recebeu este nome em homenagem a sua segunda esposa, Gomercinda Ignácio da Silveira, conhecida por Nenê, com o qual teve dois filhos.

Antônio foi um personagem importante na história do desenvolvimento de Canoas, nasceu em 29 de outubro de 1887 e no ano de 1907 transferiu-se para Canoas. Associou-se a seu pai e a Henrique Wittrock e fundou em 1917, a empresa Silveira, Wittrock e CIA, fábrica que foi pioneira na exportação de móveis para outros estados e países.

Foi suplente do juiz suplente do juiz distrital do 4º distrito de Gravataí, interventor no estado, juiz distrital, fez parte como conselheiro da comissão pro melhoramentos, que em praça pública no ano de 1933, realizou o primeiro comício exigindo para Canoas melhorias estruturais e almejando a emancipação. Foi ainda um dos fundadores da Associação Comercial e Industrial de Canoas, sendo eleito seu primeiro vice-presidente. Faleceu em 1962.

Sobre sua arquitetura a “Villa Nenê”, segundo inventário realizado pelo Município de Canoas, em parceria com IPHAE, possui um estilo eclético, com predominância de elementos decorativos compostos na sua maioria por arabescos e volutas, salientando o entorno das janelas também acaba por determinar sua natureza arquitetônica. A fachada principal ostenta platibanda destacando os dizeres “Villa Nenê” 1928, ficando as demais fachadas com beiral. Há também a presença de um alpendre lateral e recuado que deveria ser anteriormente utilizado como principal acesso à edificação. Balaústres e volutas decoram, respectivamente, a base e a cobertura do mesmo. As esquadrias são de madeira com duas folhas de abrir e com bandeira fixa. O material utilizado predominantemente é o tijolo maciço rebocado e o telhado é composto por telhas francesas.

O imóvel foi tombado pelo patrimônio histórico do município de Canoas em 2009.

(Historiador e pesquisador)

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