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Reaja a tua vida, não aos teus anos vividos.

E hoje chegamos ao terceiro capítulo do Diário Rosa da Bella Donna de Outubro. E o tema é “enfrentando a doença na sociedade e de como o meio tem reagido em relação a isso”.

Mais uma vez Michele nos dá uma nova lição onde ela mostra que devemos reagir e enfrentar a realidade da vida. Agradecer, sim, aos momentos vividos, mas a ação é o mais importante no enfrentamento a doença. É  tempo de luta, mas principalmente de vibrar com cada vitória e objetivos alcançados

Nossa guerreira traz mais essa reflexão e que sua leitura seja leve, pois estamos falando de amor à vida no Diário Rosa da Bella Donna de Outubro.

Por | Michelle Monfroi | Bella Donna de Outubro

O câncer ainda é um tabu. Ainda é visto como uma sentença de morte para a maioria das pessoas. Alguns se benzem ao falar o nome, outros nem falam pra “não pegar” ou atrair.

Ao ver uma mulher careca, alguns baixam os olhos, outros fazem cara de “dó”, alguns sorriem, e outros abraçam.

As crianças são as melhores. Elas não escondem, olham e comentam mesmo: “Olha a titia careca!” As mães e pais se constrangem com a sinceridade dos filhos. Eu acho bonito! Isso comprova que temos muito ainda para fazer enquanto sociedade. Desconstruir padrões de imagem.

Como visagista sei da dificuldade que as mulheres encontram em escolher uma imagem pessoal sem serem criticadas por isso.

A careca na mulher não é socialmente aceita. Nem quando a careca é por opção. Sempre tive cabelos curtos e isto já era motivo de impacto. Exibir uma careca, então, é quase como uma agressão.

O que para alguns é sinal de força, para outros é sinal de transgressão.

“Use lenço”, me disseram!

Isso é o mesmo que eu olhar pra alguém e dizer: use batom. Ora bolas, por que te ofendes ou te assustas com a minha imagem?

Pena ou admiração? Acho que estes são os sentimentos mais comuns que eu vivenciei nesta trajetória.

Lembro que um dia eu estava em Campinas, num restaurante, e veio um homem sorrindo em minha direção. Aquela imagem me assustou um pouco. Ele chegou perto e disse: parabéns! Que vontade de te abraçar.

Se por pena ou por admiração eu não sei, mas sei que nestes 8 meses, eu recebi muito amor gratuito também.

O câncer comove. Comove pessoas ao nosso redor e longe da gente também.

O câncer também move. Move pessoas para perto da gente e para longe também.

Ainda sabemos pouco sobre o câncer, apesar de muito. Mas a verdade é que tem alguns fatores do câncer que o estado atual da ciência desconhece. E isso cria “falsas ideias”.

A sensação que percebo, hoje convivendo mais de perto com a doença, é que o paciente sente como se tivesse culpa. É como se ele tivesse feito alguma coisa pra ter câncer. De fato alguns tipos de tumores têm relação com hábitos, mas outros não. Alguns têm relação com o que pensamos e agimos? Talvez sim.

Mas quem vive um câncer precisa de muita coisa, menos de culpa.

Se a sociedade ainda tem muito a aprender com o câncer, eu desafio esta mesma sociedade, colocando “meus cabelos ao vento”, escancarando a minha careca, e mostrando o poder de ser a mulher que eu sou.

E se amanhã eu quiser usar peruca, o cabelo na cor de rosa, raspado, longo, com ou sem lenço, essa é a minha escolha. Pode ser a tua escolha. E como sociedade, respeitar escolhas é a nossa maior missão. Com ou sem câncer.

Colocando na balança, nem tenho do que reclamar, somente a agradecer. Em especial a uma pessoa, que nem faz ideia do bem que me fez.

Parei numa loja de conveniência e a atendente me disse:

Uau! Que linda! Como eu queria ter coragem de cortar os cabelos assim.

Agradeço todos os dias a essa guria. Ela me encorajou a mostrar a minha careca por aí. Ela nem imagina, mas pelas palavras dela, que associaram a minha imagem a um estilo ousado e não a uma doença, me deram coragem e ânimo pra me mostrar. Mostrar-me como estou.

Sem lenço nem documento. Sem peruca. Sem vergonha. Sem medo.

Foi um abraço em forma de palavras. Obrigada, atendente da conveniência do posto da BR, em Canoas, tu mudaste a minha trajetória com o câncer.

Tu mudou os meus olhos perante o meu próprio espelho. O espelho da minha alma.

VEJAM UM POUCO DOS OUTROS DEPOIMENTOS DE MICHELLE

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